A ciência já comprovou que o exercício físico melhora o desempenho escolar. Entenda o conceito de salas mais ativas, que não coíbam o movimento durante as aulas

Nas instituições de ensino, em geral, a atividade física fica restrita às aulas de educação física e aos recreios. Também já foi alvo de ataques em 2016, quando surgiu a proposta de tirar sua obrigatoriedade. “Essa falta de importância é um problema não só social como ético”, diz o professor Luiz Dantas, da USP. “Se você vai para uma escola que finge que o corpo não existe, que o aprendizado é só cognitivo, você está sendo antiético”, resume.

O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) considera o movimento uma capacidade humana. O desenvolvimento integral de uma pessoa está relacionado a essa capacidade. Além disso, a própria Organização Mundial da Saúde preconiza, no mínimo, 60 minutos diários de exercícios intensos para a saúde e bem-estar.

Luiz Dantas fez parte da equipe de pesquisa do Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano do Brasil do PNUD em 2017, que trouxe o conceito de “Escolas Ativas” e realizou uma pesquisa com quase 600 instituições de ensino brasileiras. A proposta considera que o movimento deve ser incorporado nas escolas por meio da reestruturação das regras, dos espaços e da distribuição do tempo, para garantir um desenvolvimento pleno das crianças. Ou seja, o objetivo da Escola Ativa é torná-las mais… ativas!

O relatório do PNUD destaca que a atividade física e a mental são inseparáveis – ambas compõem um mesmo sistema de experiências corporais. A ciência corrobora essa tese: há pesquisas mostrando que o exercício físico melhora o desempenho escolar. Nessa concepção, surgem propostas de salas de aula ativas, em que a própria arquitetura é alterada para que as crianças sentem em círculo ou que as carteiras sejam trocadas por bolas de ginástica, e as regras escolares não coíbam o movimento durante as aulas.

Não tem certo ou errado. Cada escola escolhe o que acredita ser mais adequado às suas diretrizes pedagógicas, inclusive em relação à atividade física. O que importa mesmo é fazer os pequenos se mexerem.

O importante é se mexer

Quer incorporar mais movimento na rotina das crianças? Confira sugestões de atividades físicas ideais de acordo com a idade:

0 a 2 anos: recreação e um tipo de ginástica funcional (utiliza exercícios que aprimoram o corpo para realizar um esporte ou fazer movimentos do dia a dia, como sentar, pular, empurrar, carregar objetos, entre outros), adaptado para a idade.

2 a 5 anos: recreação e aulas lúdicas de balé, capoeira, judô, natação, ginástica funcional, slackline… O foco é experimentação e aprendizado de movimentos básicos que ajudarão nos esportes futuros, como equilíbrio, agilidade, elasticidade e força.

5 a 10 anos: começam os esportes coletivos mais estruturados e com regras, como futebol, vôlei, basquete, e estímulo à atividade mais intensa.

Fontes: Maria Edna de Melo, endocrinologista, e Denise Brasileiro, pediatra